Nascido
em um hospital público da Zona Sul, sempre morei na mesma casinha em Rio das
Pedras, Jacarepaguá. Estudei em escola particular como bolsista na Freguesia,
Jacarepaguá. Minha vida era típica de um morador de bairro de classe
média-baixa. Nunca passei fome, sempre tive uma vida de regalias, dentro do
possível. Mas a minha família nunca teve renda suficiente pra sair desse lugar.
Aliás, nunca cogitamos isso.
Acostumei-me
a morar em Rio das Pedras, a estabelecer vínculos com essas pessoas que conheço
desde sempre, a aceitar as constantes faltas de energia elétrica, etc. É tudo
questão de adaptação. Sou bastante feliz onde estou e não sei se sairei daqui
algum dia.
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Rio das Pedras |
No
colégio, que eu achava boa até me deparar com as escolas dos meus colegas de
faculdade, sempre fui o modelo do aluno perfeito. Tanto que a comemoração foi
grande quando eu consegui passar para a Universidade Federal do Rio de Janeiro.
O único da turma a passar para uma universidade pública, méritos que
dificilmente uso para me gabar.
A
tal ponto, muita coisa mudou. Na faculdade, me relaciono com pessoas
peculiares, com uma vida bem diferente. Sempre que - entre meus amigos ou
familiares - falo que estou fazendo faculdade na UFRJ, vejo o espanto dos
outros ou o típico “você é um gênio!”. Enquanto isso, para muitos outros
colegas da Escola de Comunicação (onde curso Jornalismo), fazer faculdade é a
obrigação deles como filhos. Cursar Comunicação é até pouco para os pais deles,
que poderiam ter filhos médicos, advogados ou engenheiros.
Com
meus amigos de Jacarepaguá, sair para boates ou até mesmo bailes funk é normal, até porque a proximidade
ajuda. A forma como eles falam, como eu falo quando estou com eles, é bem
diferente de mim com meus amigos “ecoínos”. Acho que, ao pegar o 354 (rumo a
Botafogo), mudo de personalidade, um pouco. Nem sempre.
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O famoso Castelo das Pedras |
Falar
sobre carteira de habilitação e dirigir, por exemplo, é um assunto da
faculdade. Reclamar do forró alto do vizinho nordestino é assunto para os
amigos da minha rua. Já fui taxado de “metido, depois que começou a faculdade”.
Na UFRJ, não faço (e nem quero fazer) parte do grupinho dos metidinhos
populares da Zona Sul ou Niterói. Até hoje sou confundido com calouros, porque
eu me encaixo melhor no grupo dos
aplicadinhos-que-não-frequentam-choppadas-e-vêem-a-ECO-como-local-de-estudos.
Penso
sobre o quão diferente é minha vida. Vivo em dois lugares completamente iguais,
uma cidade um tanto quanto dividida. Tão perto, mas tão longe, ao mesmo tempo. Sinto
que, conforme vou evoluindo profissionalmente, o Júlio da ECO vai ganhando mais
espaço do que o César de casa. Na realidade, acho que as duas personalidades
estão se fundindo em uma só. Agregando o essencial de cada uma.
Oi Júleeo,
ResponderExcluirQue ótimo texto *-* Ficou muito bom mesmo e acho que te explica bem pra todo mundo, hahaha. Agora, a questão é... Na Uplay você é Ecoíno ou Rio das Pedrense? #HMMM
Parabéns, ameeeei teu perfil :D
Beijos, Nanda
www.julguepelacapa.blogspot.com
Ah, meu Júlio, meu César.
ResponderExcluirÉ essa dicotomia que faz de você... você.
Bato palmas, de pé, como sempre.
Um beijo