domingo, 6 de outubro de 2013

Uma flor de quatro estações

Aquela que comanda. Esta é a definição do nome de Naiara. Talvez a de uma outra Naiara, porque a que vou apresentar não segue o padrão. Ela não é mandona, não tem espírito de liderança, nem a força daquela que comanda. Naiara Azevedo é doce, gentil e fresca como uma brisa de primavera. Indecisa, diz que sua estação preferida é o inverno, mas que adora a diversão do verão, as flores da primavera e o ventinho gelado do outono.

A vegetariana de 20 anos estuda na Escola de Comunicação da UFRJ, onde passa enorme parte do seu tempo. “Eu adoro a faculdade. Acho uma experiência incrível. Fico até pensando: Quando acabar, como vai ser?”. Nai fala da faculdade com olhos de uma menina feliz: “O período passado, especialmente, foi uma delícia porque peguei matérias eletivas de História da Arte e Feminismo.”

Amante assumida das artes, a jovem, que já teve aulas com o artista plástico Daniel Azulay, se diz louca por desenho e pintura, mas uma péssima desenhista. “Já comprei pincéis, tentei começar com aquarela, que é mais fácil, mas não gosto de nada do que faço. É até um pouco frustrante.”

Além das aulas, Naiara também realiza trabalhos de pesquisa na faculdade, com ajuda da professora Ligia. “Na pesquisa, analisamos as receitas de sucesso que as revistas femininas vendem às mulheres comuns, pautadas em mulheres famosas. O barato é que, quando escolhi estudar Jornalismo na faculdade, no primeiro ano do Ensino Médio, meu sonho era trabalhar em revista feminina, ser correspondente da Marie Claire!”

Agora com maior embasamento teórico, Naiara, hoje feminista, trabalharia em uma das revistas que critica e analisa. “Uma vez lá dentro eu poderia propor abordagens novas para as matérias, trazer discussões mais inteligentes para as mulheres. Tentar mudar alguma coisa, mesmo que pouquinho. É assim que começa.”

Saindo do meio acadêmico, a vida em Niterói traz mais de sua personalidade. Como sempre morou próxima à natureza, com a casa cheia de plantas, que são a paixão do seu avô, Naiara é naturalmente apaixonada por flores. Essa criação também se reflete no seu ar sereno de ser. Com tranqüilidade na voz, ela conta que fortaleceu os vínculos com as flores depois de conhecer o Instagram, uma famosa rede social de imagens. “Ver as pessoas compartilhando buquês perfeitos, flores silvestres em piqueniques, arranjos em reuniões com amigos, tudo isso me fez me aproximar mais desse mundo. Comecei a frequentar bancas, conhecer os nomes, traçar minhas preferências, amassar flores em livros, secá-las, e por aí vai. Hoje, se não compro flores frescas toda semana, é por falta de dinheiro mesmo.”

Seu tempo livre também é dedicado a leitura, outra paixão frustrante para Naiara, porque lhe falta tempo para ler tudo o que quer. “E o pior de tudo é que sou lenta, demoro uns 10 minutos em uma única página, releio a mesma frase mais de uma vez antes de seguir em frente...”

Em um mundo competitivo e individualista, o que chama mesmo atenção – seja em casa, na faculdade ou na rua – é a sua simpatia. “Gosto de tratar as pessoas sempre bem, vê-las bem. Acho que puxei isso da minha mãe”, fala, com o sorriso estampado no rosto.

Quem a vê sempre sorrindo e cumprimentando os outros com tanta naturalidade, nem imagina que Naiara pode estar em um dia ruim. “Não adianta nada ficar de cara feia e descontar nas pessoas que não têm nada a ver com isso. Elas não merecem isso. A minha dor eu compartilho só com algumas poucas, mas a minha simpatia é de todo mundo.”

Questionada pelas suas inspirações, a chuva logo salta de seus lábios. “Quando chove, algo dentro de mim chacoalha e tenho vontade de sorrir e abraçar quem me cerca. É sério! E as flores também me inspiram!”. Para Naiara, contemplar a natureza é terapêutico. Clareia os pensamentos e lhe faz dar prioridade ao que é prioridade.

Tão calma, mas realizando mil e uma atividades, Naiara sempre consegue encontrar forças para vencer a rotina. “Que adulta seria eu se sempre fugisse dos desafios e dos momentos mais duros?” Com o semblante de uma flor, aparentemente frágil, Naiara surpreende com sua alegria de viver. Ela é forte, mas de uma forma sutil. No fim das contas, ela é aquela que comanda, mas com dúvidas e gentilezas. Entre risos, a própria pondera: Isso tá parecendo papo furado, né?! Mas é como é.

2 comentários:

  1. Júlio, que homenagem! Nem mereço! Obrigada pelo carinho! Ficou linda a sua matéria. E repito: Patrícia Kogut que se segure! Um beijão doce e refrescante como a brisa da primavera :)

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  2. Júlio, que linda que ficou sua matéria!
    Sério mesmo, você escreve realmente muiiiito bem, parabéns! Faço das palavras da Naiara aqui em cima as minhas: "Patrícia Kogut que se segure!" Hahaha
    Beijo, Nanda

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